Gusttavo Lima canta que "vai rolar o tche tcherere tche tchê". A dupla João Lucas e Marcelo ficou famosa ao querer o "Tchu" e o "tcha". João Neto e Frederico sabem fazer o "Le le lê". E por aí vai. Longe dessas expressões, associadas a sexo e farra, Luan Santana critica palavras esquisitas que viraram mania no sertanejo. "Existem outras formas de falar de amor sem apelar tanto", diz ao G1 (veja vídeo ao lado).
"Quando chega a noite", novo disco de Luan, chegou às lojas em abril. O rapaz, porém, revela que tem o "sonho" de gravar um CD só com "sertanejos antigos" de gente como Trio Parada Dura e Tião Carreiro & Pardinho.
Para checar o conhecimento do rapaz, o G1 fez um teste no qual Luan acertou a maioria dos intérpretes de sucessos sertanejos dos anos 60 e 70 (veja vídeo abaixo). "São músicas complexas, a história é bonita. São letras do fundo do coração", elogia.
G1 - Hoje no sertanejo há expressões esquisitas. Tem 'Tchu tchu tcha', 'Lelelê', 'Tche tcherere tche tchê'. Mas você nunca se aventurou por essa onda. Por quê?
Luan Santana - Acho que não tem muito a ver comigo. Respeito, lógico, o trabalho de todo mundo. O sertanejo hoje vive um momento maravilhoso. Mas é uma coisa que não tem a ver comigo. Existem outras formas de falar de amor sem apelar tanto, sem falar uma linguagem que leva para o lado do sexo, entendeu?
G1 - Então não há chance de uma expressão dessas, que obviamente querem dizer sexo ou algo próximo a isso, aparecer na sua música?
Luan - Não tenho essa pretensão. O meu caminho é diferente.
G1 - Por que todo sertanejo hoje só lança disco ao vivo?
Luan - Então, boa pergunta. É mais medo de fazer o contrário, do que gostar do negócio ao vivo mesmo. Se for ver, a qualidade musical sem os gritos, sem aquela coisa ao vivo, é muito maior. Por mim, gravaria só CD acústico, em estúdio. Mas virou uma mania. Na rádio, se não tem o grito... A galera tem aquela coisa também: se está todo mundo cantando, significa que é sucesso, eles acabam indo atrás da música também.
G1 - Você acha que o disco é um pouco mais sério, é menos 'pra cima' do que os anteriores?
Luan - Ele é um pouco mais profundo, menos superficial. O jeito de falar de amor é diferente. Tem mais músicas profundas do que em outros projetos meus. É lógico que também não posso ir totalmente para lá. O maior desafio de todo artista é lançar um trabalho e conseguir inovar sem sair do que você já vem fazendo. Tem música que remete aos CDs passados como "Única", que é meio que a "Adrenalina" deste disco; "Nega" tem uma linguagem direta para os fãs, chamo minhas fãs de nega. Mas ele tem mais músicas sérias do que os outros.
G1 - A capa do novo disco, o tratamento das fotos e a arte do CD têm uma pegada meio soturna, mais séria. Li muito fã dizendo que parece 'Crepúsculo'. Tem um pouco a ver, foi pensado dessa forma?
Luan - Em relação a "Crepúsculo", não foi pensado para parecer não. Uma coisa que queria era ter um disco que não se chamasse "ao vivo", porque todos os discos meus se chamavam "ao vivo", "ao vivo no Rio". Então, eu queria ter o nome de alguma música. E eu gostei de "Quando chega a noite", era uma coisa meio sombria. Então pensei: "vamos fazer uma coisa meio sombria, meio de floresta e tal". Eu estou encostado em uma carro, com uma roupa de frio. Gerou em torno disso aí, meio que em uma neblina.
G1 - Seu maior ídolo, Zezé di Camargo, vem enfrentando problemas com a voz. Você tem medo de perder a voz com excesso de shows? Isso te preocupa?
Luan - O Zezé operou. Eu tenho medo sim, porque a rotina de shows é realmente estressante até para a voz. Eu estou em uma correria danada, principalmente neste início de ano, com lançamento de CD. Só que eu tenho uma fonoaudióloga que me acompanha, a Janaína, que sempre está cuidando de mim. É importante cuidar da voz, é meu ganha-pão, o bem mais precioso que eu tenho